domingo, 30 de setembro de 2018

Empatia, a chave do trabalho humano.

A instituição em que trabalho foi contemplada no programa Turnaround Social da Fundação Montepio. Ao longo deste programa são organizados vários workshop orientados para áreas do trabalho social. Além da partilha com outras instituições, te sido igualmente interessante descobrir outras realidades e outros lugares. Para quem não sabe, eu não gosto de conduzir. E chegar à minha condução de hoje foi todo um processo complicado... Mas com este programa, tenho ido por este Portugal fora (que exagero!... É só até Braga, Guimarães...), e é muito interessante desenvolver outro tipo de competências. Um pequeno aparte para vos contextualizar :)

Na última sessão cujo tema foi "Comunicação externa: mitos e realidades" que decorreu em Amares, o formador partilhou uma expressão que me deixou a pensar "Não devemos gozar os nossos pais por não saber usar o computador porque eles também não nos gozaram por não sabermos usar a colher quando eramos pequenos". Como é que de uma coisa tão banal poderemos nós fazer uma reflexão tão grande?

Vivemos numa sociedade complicada marcada por preconceitos, juízos de valor e egoísmo. E são os nossos valores que determinam na maioria o nosso trabalho, as nossas ações e os nossos olhares em relação ao outro. Trabalhando num meio rural, estamos mais suscetíveis a isto. Porque se conhece a sua história de vida. Poderei falar de um exemplo muito presente. Um utente que praticou violência doméstica dirigida ao cônjuge e filhos. Chega e precisa de cuidados. Há toda uma resistência nestes cuidados. Ok. Até se faz mas porque "a doutora mandou e sou obrigado". No dia-a-dia há comentários, há julgamento sobre as decisões que se toma em relação àquele plano de cuidados e à aproximação. Porquê? Aquela pessoa não é nosso utente? Não merece cuidados? Tem uma história de vida, mas naquele momento precisa de cuidados. Acima de tudo, precisa de compaixão. E a isto, eu chamo empatia. Não nos compete a nós, profissionais, decidir se merece ou não. Cabe-nos ouvir, cuidar e respeitar. Independentemente do passado. Pode até hoje ser mais agressivo ou mal agradecido, como se diz na nossa gíria, mas nós temos de ter a capacidade de ser neutros.
A meu ver, a empatia é a característica mais importante e mais valorizada no trabalho social. Ao mesmo tempo, é a mais difícil de assumir. É fácil ser simpáticco, sorrir e agradar ao outro. No entanto, "calçar os sapatos do outro" é, de facto, difícil. Este é o maior desafio que enfrentamos no nosso quotidiano. Ser imparcial, aceitar e lidar. É desta preciosa característica que o mundo atual precisa. E é desta forma que nós, Gerontólogos, inteerventores sociocomunitários, nos diferenciamos de tantos outros profissionais. Não nasce connosco. Mas é possível crescer, fazer mais e ser maior.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Aos meus alunos.

Hoje quero dedicar este post aos meus alunos. Em Fevereiro 2018, uma das piores alturas da minha vida pessoal, fui convidada a integrar o corpo docente do Curso Técnico Superior Profissional "Intervenção Sociocomunitária e Envelhecimento" da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Ainda que reticente, alinhei nesta aventura que se veio a revelar fantástica! Tinha como função lecionar duas unidades curriculares "Técnicas de Avaliação Comunitária" e Técnicas de Pesquisa e Gestão de Informação".
A 28 de Fevereiro de 2018, regressei à casa mãe. Àquela em que descobri uma vocação, àquela que me fez voar alto, àquela que me reconheceu como profissional de excelência, àquela que não se esqueceu de mim. Encontrei 13 jovens, curiosos, muito diferentes entre si. Dar aulas era algo completamente novo. Tive de descobrir estratégias. Tive de organizar muito bem o meu tempo para preparar aulas, definir avaliações, transmitir saberes. Pesquisei muito, descobri coisas novas. E acima de tudo, esta experiência ajudou-me a redefinir enquanto Gerontóloga Social, assumindo um papel de interventora sociocomunitária. Não foi com textos e apresentações bonitas que conquistei os meus alunos, mas sim com o relato de experiências e situações reais, que alimentava aquele inocente interesse pelo mundo social. A partir daqui, descobri que cada um, à sua maneira, em áreas muito específicas, tinha um dom. Descobri que, tal como eu, querem mudar o mundo e querem fazer a diferença.
Foram muitos os desafios que lhes lancei. Desde fazer teatro, trabalhos de grupo, comentários a notícias, trabalhos de tema livre. E cada desafio, eles aceitaram. Lidavam com as críticas como uma maneira de aprender e se desenvolver. Acabei o ano letivo de coração apertado, consciente de que ficaria por ali. Mas ao mesmo tempo, de coração cheio, por saber que toquei nos seus corações e que todos eles voaram comigo. Acabamos o ano letivo, sem ninguém em recurso, sem ninguém a fazer melhoria. Acabamos o ano letivo a 15 de Junho de 2018, a partilhar a mesa ao almoço.
E hoje, em fase de arranque do próximo ano letivo, quero dedicar-lhes este post, dizendo-lhes que serão sempre os meus alunos e os guardo no coração. Mesmo longe, estarei perto.


A linha da frente.

Nos últimos meses a expressão "linha da frente" tornou-se frequente. Nesta linha da frente conta-se com o trabalho, força, dedicaç...