domingo, 29 de julho de 2018

Human'Idade

Ingressei na área da Gerontologia em 2009. Desde sempre me fascinou a área do cuidar, o dar a mão, a luta pelo bem-estar do outro. Conheci a minha avó materna numa situação de dependência grave, fruto de um AVC que sofreu aos 37 anos de idade. A minha família sempre se moveu em prol do seu bem-estar até ao seu último suspiro. O meu grande sonho era ser enfermeira. Sobretudo quando vi o meu avô materno partir vítima de cancro. Contudo, não tendo conseguido ingressar no ensino superior no curso de enfermagem, sendo eu menor na altura, a minha mãe incentivou-me a experimentar "Educação Social Gerontológica" porque teria de estudar em Viana. Não tínhamos possibilidades para eu ir estudar para fora. Aceitei o desafio, defendendo que se não gostasse, voltaria ao secundário para fazer melhorias. Posso dizer-vos que este foi o melhor acaso da minha vida! Sou licenciada em Educação Social Gerontológica pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e mestre em Gerontologia Social pelo Instituto Superior de Serviço Social do Porto. Desempenho funções enquanto Gerontóloga Social no Posto de Assistência Social de Alvarães, instituição onde desenvolvi o meu estágio curricular e que me tem permitido crescer cada vez mais alto. Reconhecida como profissional de excelência pela escola onde me licenciei, fiz parte do corpo docente do Curso Técnico Superior Profissional "Intervenção Sociocomunitária e Envelhecimento", que se revelou uma experiência extraordinária e me permitiu alargar horizontes.
Hoje dedico-me a aplicar os conhecimentos que adquiri ao longo da minha formação em vários contextos. Estaria a mentir se dissesse que tudo é fantástico. Trabalho com pessoas. Pessoas com histórias de vida diferentes, com características diferentes, com condições de vida diferentes. Um desafio diário. Não há maneiras certas ou erradas de trabalhar. Não há manuais de instruções. Tudo depende da relação que se cria, da avaliação que se faz, dos recursos disponíveis e do que estamos dispostos a dar.
A vós que estais a ler a minha página, bem-vindos ao meu mundo profissional! Procurarei partilhar acontecimentos, estratégias, dificuldades. Mostrando um pouco da minha luta diária enquanto profissional. Defendendo desde sempre que antes de ser profissional, terei sempre de ser humana. 




Vivemos hoje numa sociedade cada vez mais envelhecida. Os mais velhos vivem cada vez mais anos, partindo de um estado de independência e autonomia total para um estado de dependência severa. Arrastam consigo as suas famílias, muitas vezes indisponíveis para prestar cuidados de proximidade e necessários. Há outros casos, que se tornam cada vez mais predominantes, em que as famílias não existem, pois, em algum momento desresponsabilizaram-se do seu papel de filho/ cuidador. Por outro lado, as respostas sociais dirigidas a esta população tornam-se cada vez mais escassas. Não são suficientes para dar resposta. Este facto é ainda agravado pelo facto de as respostas que hoje existem não estão adaptadas para as características da população de hoje. E eu questiono-me: será o envelhecimento um desafio para a sociedade ou será a própria sociedade um desafio para o envelhecimento?



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