domingo, 23 de dezembro de 2018

Trabalho social em rede: importância VS barreiras.

Considero-me uma profissional dedicada. Quando surge um caso, assumo-me como uma personagem principal do mesmo e vou até ao fim até atingir as metas que considero essenciais para o sucesso da intervenção que desenho. Tanto é que sou considerada a "toupeira dos serviços" porque bato a todas as portas, sinalizo o caso às demais entidades e contacto sem cessar até obter uma resposta. Se tenho sempre sucesso? Não, infelizmente não. Não por eu desistir, mas porque há leis, há normas de funcionamento, há barreiras que condicionam negativamente o trabalho em rede. E é sobre isto que quero falar isto.



Nas unidades curriculares que leciono este semestre, reforço todas as aulas que o indivíduo é ator do seu próprio desenvolvimento e, portanto, deve ser envolvido em todas as tomadas de decisão. Por outro lado, quando falamos de intervenção social e comunitária, o trabalho em rede é essencial. Ou seja, deveremos envolver todas as entidades de referência. Tal implica um estudo de caso em que se identificam necessidades, potencialidades e recursos. Através do cruzamento destes três itens, desenhamos um plano de intervenção. É igualmente importante saber que na intervenção, não conseguiremos resolver tudo sozinhos. Há outros intervenientes que vão desde a área social até à área social, sem desvalorizar a própria rede de vizinhança. Poderão rir-se, mas estes últimos, os vizinhos literalmente, são informadores-chave fulcrais!
O trabalho social em rede é espetacular! Mas às vezes, este trabalho social quebra. Basta um parceiro falhar. E agora que nos aproximamos da época natalícia... Podemos bater em todas as portas possíveis, mas há este que está de férias, aquele que não atende o telefone, o outro cujo coordenador está ausente. No meio disto tudo, ficam casos pendentes que mais tarde acabam em desgraças. Daqueles que ouvimos falar na televisão.
Apontam muitas vezes o dedo às instituições de solidariedade social. Resultado da ignorância baseada do senso comum e na típica frase "Dei tanto dinheiro, e agora que preciso não me ajudam". Tão injusto! Sabem, não em todas, mas na maioria, há técnicos que lutam diariamente pelo bem-estar e qualidade de vida dos seus utentes, ultrapassando as suas capacidades, indo contra as respetivas direções e lidando, mais tarde, com as consequências deste "lado social" da intervenção que a maioria das pessoas desconhece.
Os serviços, em geral, são efetivamente uma barreira no sucesso da intervenção social. Porque o trabalho em rede perde-se na indisponibilidade, na inadequação das leis e normas e vigor e na própria realidade que vivemos atualmente. Contudo, há uma força que me move. A certeza de que, apesar de não ter corrido bem ou de não ter corrido como era esperado, fiz o melhor que pude. E com certeza, haverá alguém do outro lado que o irá reconhecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário

A linha da frente.

Nos últimos meses a expressão "linha da frente" tornou-se frequente. Nesta linha da frente conta-se com o trabalho, força, dedicaç...