domingo, 20 de janeiro de 2019

O Social VS A Saúde

Há longos anos que se trava uma luta entre o social e a saúde. Embora estes dois domínios andem de mãos dadas, a verdade é que um desafia constantemente o outro, um e outro não têm capacidade de resposta para os problemas atuais e não há sensibilidade de um e de outro para os problemas de um e de outro. Confuso, não? Passo a um caso real para ser mais fácil de compreender.

A idade adulta é a faixa etária que hoje apresenta mais problemas sociais. Esta emergência torna-se ainda maior pelo facto de não existirem respostas adequadas e preparadas para esta população. Indivíduos adultos com problemas de saúde e dependência associados, individuos adultos com limitações transitórias, indivíduos adultos em risco social. Estes indivíduos adultos são mobilizados para as respostas de SAD, Centro de Dia e ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas), que têm como principal objetivo dar resposta a pessoas idosas. Estes adultos vêem-se confrontados com pessoas mais velhas, muito dependentes e que estão naquela fase em que "Estou pronto. Quando o Senhor me quiser levar". Palavras cruas e frias? Não! Esta é a realidade em que vivemos.
Falamos de indivíduos adultos que estão à mercê da sociedade. Não têm retaguarda, nem suporte social algum, embora exista um familiar de referência. Com todas estas problemáticas, há problemas socioeconómicos. Óbvio! Porque falamos em adultos que cuidaram dos pais anos a fio, pais estes que faleceram. Não têm descontos, logo não há direito a reforma. E mesmo quando se pede ao médico de família colaboração ao nível do preenchimento de informação médica para um possível requerimento do Rendimento Social de Inserção (RSI), de uma Prestação Social para a Inclusão (PSI) ou de um Pensão Social de Invalidez, o médico responde que não passa porque a pessoa não vai ter direito. Falamos em adultos que têm complicações de saúde severas que crescem dia após dia e que exigem deslocações regulares aos equipamentos de saúde, para as quais não têm capacidade económica. O que faz um trabalhador do social? Liga para o médico e solicita prescrição de transporte, ao que responde "Eu até posso passar... Mas não vai ter direito porque deambula sem apoio". E agora, o que fazemos? Quem garante o acesso a direitos básicos? Resposta: as IPSS's! Porque se tratam de instituições de solidariedade social. Mas as pessoas esquecem-se que estas instituições têm a sua sustentabilidade comprometida por todas as condicionantes do meio envolvente. Há que frisar ainda o papel de outras entidades associadas ao Social que visam dar resposta às chamadas problemáticas sociais diversas. Estas entidades tornaram-se exigentes (e quero deixar claro que estou de pleno acordo que assim seja), quando para uma sinalização de vaga de reserva/ vaga de emergência social solicitam uma quantidade de documentos sem fim para que a situação de emergência social seja transparente e bem justificada. Conclusão: os serviços barram serviços!
Esta é a realidade que vivemos atualmente. Os serviços que deveriam andar de mãos dadas, estão de costas voltadas pelas burocracias inerentes e pela insensibilidade do papel da entidade em que cada um trabalha. O mais chocante é que os profissionais apontam os dedos uns aos outros, para se descartar da sua responsabilidade social. É muitas vezes apontado o dedo às IPSS porque isto ou porque aquilo, mas ninguém sabe, reconhece ou se interessa pelo trabalho, ações e voltas que quem ali trabalha dá para dar resposta a esta população. Porque há coisas no trabalho social dentro de uma IPSS que não se vêem.
Falamos, por isso, da emergência de respostas orientadas para a população adulta. Mas mais do que isso, falamos da importância do trabalho em rede, da necessidade de ajustar os serviços existentes à realidade de hoje e da urgência em mudar políticas públicas.



A linha da frente.

Nos últimos meses a expressão "linha da frente" tornou-se frequente. Nesta linha da frente conta-se com o trabalho, força, dedicaç...